Definição

    A Esclerose múltipla (EM), ou esclerose em placas também designada por "esclerose disseminada", é uma doença desmielinizante de etiologia ainda desconhecida, caracterizada por uma reacção inflamatória na qual são danificadas as bainhas de mielina que envolvem os axónios dos neurónios cerebrais e medulares, levando à sua desmielinização e ao aparecimento de um vasto quadro de sinais e sintomas (Monaham et al, 2007).

    Na Esclerose Múltipla, os centros de desmielinização inflamatória podem aparecer em quase qualquer parte do cérebro e da medúla espinal. A bainha mielínica gorda é atacada pelas células T, os anticorpos e os macrófagos, que afetam a produção dos oligodendrócitos. Isto leva a crer que a lesão provocada no sistema nervoso central deve se a uma resposta lenta de hipersensibilidade. A inflamação aguda leva a que haja uma redução da espessura do revestimento de mielina que circunda os axónios e as fibras nervosas, o que provoca que a condução do impulso nervoso seja demorado ou mesmo bloqueado. As células emigrantes, ou astrócitos retiram a mielina desfeita, formando tecido de granulação ou seja a cicatrização das áreas lesadas. A cicatrização normal pode recuperar algumas das funções da mielina, ou as zonas afetadas podem continuar a intervir na condução nervosa das zonas lesadas. É na cicatrização parcial, que dão assim o aparecimento dos primeiros sintomas precoces da doença. Podendo assim verificar-se lesões permanentes das fibras nervosas, aumentando assim as incapacidades do individuo portador. A evolução da esclerose múltipla é assim extremamente imprevisível e muito variável.

    A EM é uma doença neurológica degenerativa, que apreende uma considerável sucessão de perturbações neurológicas onde é possível verificar a desintegração ou a disfunção progressiva das células nervosas. A doença degenerativa por norma provoca ao doente uma lenta e progressiva perda da sua autonomia. Sendo assim, o doente deve ter como apoio uma equipa de cuidadores que passam, pelo psicólogo, enfermeiro, médicos, terapeutas e inclusivamente a família que o auxiliem, no apoio direto face às novas adversidades que o doente terá que enfrentar (Monaham et al., 2007)

     A evolução natural da doença pode ser vista como a interacção entre dois fenómenos clínicos: surtos e progressão, sendo o último caracterizado por um agravamento dos sinais e sintomas por um período mínimo de seis meses, ou mesmo doze meses, segundo definições mais recentes.A esclerose múltipla não é um processo degenerativo contagioso e, na maioria dos casos, não é fatal.

 

Referências Bibliográficas:

 

  •  Kosmidis, M. et al. Psychotic Features Associated with Multiple Sclerosis.  International Review of Psychiatry 2010; 22 (1): 55-66.